Relatorio do 3º Encontro do 1º Ciclo

3º Encontro do 1º Ciclo de Cenáculo do Núcleo Cego do Maio

O caminho até aqui…

O Cenáculo arrancou no nosso Núcleo já com o 6º Ciclo nacional a decorrer. Por sugestão de dirigentes do nosso Núcleo e com o seu apoio, um grupo de caminheiros preparou um primeiro encontro, que decorreu em Palmeira de Faro (Centro Paroquial), a 1 e 2 de Dezembro de 2007. 6 dos 16 Clãs do Núcleo responderam à chamada e participaram neste encontro, na sequência do qual se formou uma Equipa de Projecto de 9 elementos, que dinamizou os encontros seguintes. Saliente-se ainda o valioso contributo prestado pelo então membro acompanhante da Região de Braga, Rui Sousa. Levamos dois elementos ao 2º encontro de Cenáculo Nacional, em Ferreira do Alentejo, e um ao encontro aberto em Lisboa; continuamos a marcar presença no 7º Ciclo e agora no 8º. Já com a experiência de Cenáculo Nacional, organizamos um segundo encontro nas Marinhas, a 28, 29 e 30 de Março de 2008, e agora um terceiro, a 1 e 2 de Maio em Palmeira de Faro. A partir daqui, será uma EP quase totalmente renovada a continuar este projecto por um segundo ciclo.

Os participantes

Ana Macieira, Agr. 440 Amorim

Fábio Vilar, Agr. 440 Amorim

Marta Morim, Agr. 440 Amorim

Albertino Arteiro, Agr. 994 Caxinas

Cláudia Ferreira, Agr. 813 Marinhas

Diogo Lemos, Agr. 813 Marinhas

Hugo Ferreira, Agr. 813 Marinhas

Sara Santos, Agr. 813 Marinhas

Teresa Oliveira, Agr. 123 São José de Ribamar

Da Equipa de Projecto:

Carina Ribeiro, Agr. 440 Amorim, Ch. Equipa Adjunta

Henrique Postiga, Agr. 994 Caxinas, Equipa de Fórum

Fernando Pinho, Agr. 994 Caxinas, Equipa de Comunicação

Filipe Pontes, Agr. 123 São José de Ribamar, Equipa de Animação

Pedro Costa, Agr. 123 São José de Ribamar, Equipa de Fórum, secretário

Rita Abreu, Agr. 813 Marinhas, Equipa de Logística

Liliana Cunha, Agr. 813 Marinhas, Equipa de Logística

Ch. Samuel Lino, Ch. de Clã Agr. 123 São José de Ribamar, observador

Outros Convidados:

Ch. Mário Correia, Secretário Regional do Programa Educativo

Ch. Sara Pilar, Chefe de Departamento da IVª do Núcleo

Local e data

Este encontro decorreu a 1 e 2 de Maio de 2009, na antiga escola primária de Palmeira de Faro, agora reconvertida em escola de artes marciais.

Tema e imaginário

Valores e atitudes é o tema que nos tem acompanhado ao longo de todo o 1º Ciclo. Se no primeiro encontro tentamos perceber o porquê de tantos caminheiros no nosso Núcleo se absterem de participar em actividades para eles vocacionadas, nomeadamente a nível de Núcleo, Regional ou Nacional; e no segundo fomos convidados a ser como o passarinho, que faz a sua parte e muda como pode o mundo que o rodeia, enquanto falávamos na importância do PPV, da Carta de Clã, entre outras coisas; neste terceiro encontro foi a história de Fernão Capelo Gaivota que inspirou as nossas reflexões e debates.

Assim, começamos o encontro a visualizar o filme, e de seguida debatemo-lo em conjunto, procurando assim alcançar a mensagem e descobrir quais os valores e atitudes transmitidos.

Fernão Capelo foi uma gaivota que se preocupou com algo mais que as lutas por posição e um pedaço de comida que consistiam no dia-a-dia de todas as gaivotas do seu bando. Sonhou em voar mais além, e melhor, e mais rápido, e até onde nenhuma gaivota fora antes. E começou a treinar todos os dias para aperfeiçoar a sua técnica de voo.

É bem sucedido neste esforço, mas a insubordinação vale a sua expulsão do bando.

Depois de expulso, vagueia durante algum tempo sem destino, e acaba por se juntar a outros proscritos. Juntos motivam-se uns aos outros e continuam a aperfeiçoar a sua técnica. Nunca cessam de aprender e melhorar.

Após uma longa viagem onde aprende valiosos ensinamentos de muitos mestres, sente o impulso de partilhar as suas maravilhosas descobertas com outros. É com este intuito que decide voltar ao bando que outrora o havia proscrito, para tentar novamente transmitir-lhes a paixão de voar, que da primeira vez não conseguira.

A sua perseverança dá frutos, consegue angariar discípulos que continuam a sua obra, enquanto ele parte para outros lugares para levar o seu testemunho a mais e mais gaivotas.

A saga de Fernão Capelo Gaivota é uma alegoria que simboliza bem a condição do Caminheiro.

O que é um Caminheiro?

Todo o Caminheiro procura ser, à sua maneira, um Fernão Capelo Gaivota.

Porque procura a sua individualidade como ser único e irrepetível…

Porque nunca cessa de procurar…

Porque ousa ser sempre mais…

Porque procura trilhar novos rumos… os rumos do Homem Novo.

Porque procura usar os seus talentos em benefício da comunidade…

Porque tem a coragem de mudar à sua volta o que for preciso para deixar o mundo melhor do que aquele que encontrou…

Porque tenta mesmo que se lhe oponham…

Porque ser Caminheiro é nunca perder o ímpeto de ir mais longe, uma constante insatisfação que nos leva em busca de novos caminhos, desafios, horizontes.

Porque “nada vai mudar / se eu não tentar / pôr o dedo na ferida / e acreditar”. O Cenáculo é também isto. “Vive, partilha e avança / sem medo do amanhã / segue Cristo e B.P. / e Homem Novo serás”.

Posto isto, somos também convidados a entender a postura do bando. Em todas as sociedades e grupos é necessário impor um mínimo de regras, pois nenhum grupo sobrevive e prospera se cada um simplesmente fizer o que entender. A anarquia resulta numa situação pior para todos.

Todos nós somos parte integrante de uma sociedade e, dentro desta, de variadíssimos grupos, ou bandos. O Clã, o Agrupamento, o CNE; mas também a família, a escola, o trabalho, a Igreja e tantos outros. Cada um deles rege-se por determinadas regras e princípios. Devemos conhecê-los e entendê-los antes de eventualmente os contestar.

Os escuteiros formam, dentro da sociedade, um bando particular, que se distingue pela sua mística própria. Mas fazemos parte dela, e dela não nos devemos alienar. Para com ela temos direitos e responsabilidades.

Devemos ser os primeiros a respeitar as regras essenciais à sã convivência entre todos. Mas devemos também ter sempre uma postura crítica e ajudar a mudar as coisas no melhor sentido. Na verdade, devemos encontrar o melhor equilíbrio entre estes dois aspectos.

Foi com estas ideias em mente que fizemos novamente Cenáculo.

Palestra do Ch. Mário Correia

Da parte da tarde esteve connosco o Chefe Mário Correia, Secretário Regional do Programa Educativo.

Na conversa que teve connosco falou da importância de cada caminheiro delinear um Projecto Pessoal de Vida, e esforçar-se por concretizá-lo. Referiu ainda a importância de partilhar em Clã o PPV, e a Carta de Clã.

Lembrou que um bom Projecto de Clã detalha o que o Clã pretende fazer, com que meios, que resultados se esperam, como vai ser executado; alertando ainda para a necessidade de um relatório de avaliação.

Ainda ajudou a orientar o Fórum.

Fórum e Plenário

Os participantes, divididos por duas equipas, escolheram alguns dos temas que a EP lhes indicou e debateram-nos em grupo. Em plenário debatemo-los em conjunto.

Assuntos abordados

Soluções propostas

Estado civil no escutismo. Alguns elementos não concordam que bons dirigentes que se divorciaram e decidiram voltar a casar tenham por isso de se afastar do escutismo, pois entendem que essa é uma decisão do domínio da sua vida privada e que não interfere nas suas capacidades enquanto dirigentes. Após debate, concluímos que não se trata de um problema generalizado que afecte os nossos Clãs mas de um outro caso pontual. Além disso, entendemos a solução já adoptada como a mais correcta: atender sempre à especificidade do caso concreto e resolver o assunto a nível de Agrupamento, onde o pároco local é muitas vezes o assistente de Agrupamento. Reconhecemos que, sendo um movimento católico, os valores cristãos e a doutrina da Igreja vinculam-nos naturalmente.
Porque é que um Caminheiro, se casar, é obrigado a fazer a partida do Clã? Sendo o casamento um passo de grande responsabilidade, se o elemento se sente maduro para assumir responsabilidades familiares, então está apto a fazer a partida do Clã. Não deve ser visto como uma imposição mas como a solução mais natural para quem inicia a vida de casado.
Imagem do escutismo no exterior e captação de elementos O que podemos e o que devemos fazer?

Reconhecemos que nem toda a publicidade na comunicação social interessa ao escutismo. Concluímos que a imagem que o movimento tem no exterior é espelho daquilo que fazemos. Das nossas actividades, mas também da nossa postura nos diversos contextos sociais. Isto porque somos escuteiros e vistos como tal quando estamos fardados, mas também nas outras ocasiões. Assim, o melhor testemunho que podemos transmitir é viver sempre o pleno ideal escutista, apostar na excelência das nossas actividades, ser exemplo pelo carácter em todas as ocasiões e evitar comportamentos indignos de um escuteiro.

Outra boa ideia é inovar nas actividades realizadas e interagir mais com a comunidade onde estamos inseridos. Por exemplo, o ACAJUV, acampamento juvenil organizado pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, é uma boa montra chamatória; estando aberto a todos, escuteiros ou não, é um facto que boa parte da dinâmica deste se deve aos elementos que são escuteiros, normalmente mais experientes. Outras iniciativas foram relatadas. Alguns exemplos: um Agrupamento contou como convidou vários alunos de escolas primárias para se juntarem a um acampamento de lobitos, e de facto alguns acabaram por ficar; outros falaram de actividades que envolveram os pais e que foram um sucesso.

Internamente, há falhas na divulgação das actividades? O que se pode fazer para incentivar um maior conhecimento e participação dos caminheiros nas actividades? Reconhecemos que, muitas vezes, as actividades não são convenientemente divulgadas. Os caminheiros devem assumir mais vezes a iniciativa de divulgar as suas actividades.

São boas ideias:

– aproveitar os meios locais, como jornais de paróquia;

– aproveitar os meios tecnológicos, como sites, blogues, links, mailing-lists, e-groups, … A rede de contactos Patrulha Virtual e a Base Virtual são bons exemplos.

– divulgar as actividades mais antecipadamente.

Para além de debater os temas anteriormente mencionados, neste Cenáculo demos um passo adicional de exigência e assumimos o compromisso colectivo de nos esforçarmos no sentido de alcançar as soluções encontradas como as melhores. No fim do fórum, elaboramos a seguinte Carta de Compromisso, que sintetiza as nossas intenções e cuja versão final foi aprovada por unanimidade em plenário.

Carta de Compromisso:

  • Entendemos que os caminheiros devem assumir mais vezes a iniciativa de divulgar as suas actividades;
  • A divulgação deve centrar-se nos meios locais, e assim comprometemo-nos a fazer mais uso de jornais de paróquia ou meios equivalentes para publicar, com uma periodicidade regular, as nossas iniciativas e as nossas actividades, bem como os vários aspectos da nossa mística e simbologia;
  • Da mesma forma, aproveitaremos para o mesmo fim os meios tecnológicos modernos, como sites, blogues, e-groups, mailing-lists, entre outros;
  • Comprometemo-nos a divulgar as actividades mais antecipadamente;
  • Esforçar-nos-emos por inovar nas actividades realizadas e interagir mais com a comunidade onde estamos inseridos;
  • Reconhecendo que a boa imagem passa essencialmente pela boa prática, comprometemo-nos a apostar na excelência das actividades realizadas, a ser exemplo pelo carácter e, com farda ou sem ela, a evitar comportamentos indignos de um escuteiro.

Nota: relativamente aos temas relacionados com o estado civil do escutismo, após debate concluímos que a prática já adoptada é a mais adequada, pelo que não houve lugar a compromisso excepto a reiteração da prática corrente.

Jogo Nocturno e Fogo de Conselho

Após o jantar foi tempo de um jogo nocturno e de um divertido Fogo de Conselho. Aí, uma das equipas apresentou aquele que viria a ser o hino oficial do 3º encontro:

Não sou a única

(letra original adaptada; música: Xutos e Pontapés, não sou o único)

Pensas que eu sou uma gaivota isolada

Não sou a única a voar no céu

A seguir as regras das outras

E a ser a única a acreditar

E quando o bando der tréguas

Eu vou voltar a ensinar

E quando o bando me ouvir

Eu vou-me concretizar

Vou, vou-te ensinar, eu vou-te ensinar

Vou-te ensinar a planar

Vou, vou-te ensinar, eu vou-te ensinar

Vou-te ensinar a planar

No fim houve tempo para algum convívio entre os participantes. Antes do recolher fizemos uma breve oração.

Cenáculo: vale a pena?

Era a pergunta que a EP tinha reservada para todos os participantes no plenário de sábado. A resposta foi um unânime e convicto sim. Sim, o Cenáculo é útil para os caminheiros se reunirem, colocarem os seus problemas em cima da mesa e tentarem alcançar as melhores soluções para que o Caminheirismo no nosso Núcleo possa progredir. Sim, é uma actividade diferente, e é exactamente por isso que vale a pena. Sim, é útil até para se descobrirem problemas que muitos caminheiros ainda não vêem como problemas, como foi o caso de vários dos participantes deste encontro que eram caminheiros há muito pouco tempo. Sim, o Cenáculo vale a pena para quem quis vir e para quem quiser vir no futuro. E sim, até vale a pena para tentar que mais caminheiros venham aos próximos encontros.

Aqui, o Pedro e o Filipe relataram a sua experiência de Cenáculo Nacional (6º e 7º Ciclo, respectivamente) e descreveram-na como única, enriquecedora e inesquecível. Não tiveram dúvidas que a experiência nacional valeu bem a pena, para eles e para o Núcleo.

Este espaço foi ainda a ocasião para fazer a transição entre o 1º Ciclo e o 2º. A maior parte da EP original faz aqui a sua despedida de Cenáculo, mostrando-se contudo colaborante no período de transição. Filipe Pontes (Agr. 123 São José de Ribamar) permanece na EP. Para já, Ana Macieira (Agr. 440 Amorim), Fábio Vilar (Agr. 440 Amorim) e Albertino Arteiro (Agr. 994 Caxinas) são os novos integrantes.

Avaliação

Aspectos positivos:

Todos salientaram um salto qualitativo na organização deste encontro relativamente ao encontro anterior. Houve um esforço (bem sucedido) da parte da EP em não repetir alguns aspectos menos positivos então verificados, essencialmente os “tempos mortos” em fórum, mas também o menor número de participantes reduziu as dificuldades de organização e permitiu uma grande proximidade e interacção entre todos que se notou ao longo de todo o encontro. O facto de sermos poucos convidou à participação e ao diálogo. Sem falhas logísticas a registar. Grande qualidade do imaginário. A participação do Ch. Mário enriqueceu o encontro. Salientamos ainda o apoio precioso do observador, Ch. Samuel Lino, e o apoio da Junta de Núcleo, que para além de estimular o projecto neste último encontro chegou inclusive a apoiar financeiramente. Em plenário, inovamos ao chegar a um compromisso. Todos ficaram satisfeitos em participar neste encontro.

Aspectos negativos:

A reduzida adesão não pode deixar de ser mencionada como (pelo menos em parte) um aspecto negativo, num Núcleo com 150 caminheiros. Alguns Clãs não compareceram devido a outros compromissos na mesma data, mas vários outros não demonstraram vontade em comparecer. Entendemos que isto se deve à tradição e desconfiança dos nossos caminheiros em participar nas actividades de Núcleo. Neste aspecto, ainda há muito por fazer, mas isso só vem reforçar a utilidade de continuar a fazer Cenáculo.

Relatório elaborado por:

EP Cenáculo de Núcleo Cego do Maio

Maio de 2009

https://cenaculoncm.wordpress.com

~ por cenaculoncm em 22 de Junho de 2009.

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